27Abr

SUA EXCELƊNCIA GOVERNADOR DA PROVƍNCIA DA HUƍLA

EXCELƊNCIAS VICES GOVERNADORES PROVINCIAIS

DISTINTOS SECRETƁRIOS DE ESTADO;

EXCELENTƍSSIMOS REPRESENTANTES DAS CƂMARAS DE

COMƉRCIO E INDƚSTRIA

CAROS EMPRESƁRIOS E EMPREENDEDORES

DISTINTOS CONVIDADOS

MINHAS SENHORAS E MEUS SENHORES

Permitam-me, antes de mais, agradecer a presenƧa de todos neste magno evento, cuja temĆ”tica reflete as aspiraƧƵes do povo angolano no que diz respeito ao desenvolvimento do sector da indĆŗstria e do comĆ©rcio no nosso paĆ­s, bem como, coloca em reflexĆ£o um tema tĆ£o actual e sugestivo que Ć©

suscitar discussƵes abrangentes que servirĆ£o de importante contributo para as polĆ­ticas pĆŗblicas voltadas para o desenvolvimento do sector.

Caros convidados

A estabilidade polĆ­tica e social que o Angola vem conhecendo ao longo destes Ćŗltimos 20 anos permitiu que a indĆŗstria transformadora e o comĆ©rcio se estabelecessem de forma desafiadora e resiliente, apesar dos constrangimentos inerentes Ć s referidas actividades, motivados pela evidente crise da economia global que, noutra perspectiva, ensinou-nos a olhar as dificuldades, em verdade, como grandes oportunidades de investimento num momento histĆ³rico nacional considerado positivo, em que o foco Ć© a produĆ§Ć£o nacional, a ā€œ š€š®š­šØš¬š¬š®šŸš¢šœš¢ĆŖš§šœš¢šš š€š„š¢š¦šžš§š­ššš« š§šØ š‚šØš§š­šžš±š­šØ ššš šˆš§š­šžš š«ššĆ§Ć£šØ š„šœšØš§Ć³š¦š¢šœšš š‘šžš š¢šØš§ššš„ā€ cuja matĆ©ria irĆ”,

indubitavelmente, diversificaĆ§Ć£o econĆ³mica, o fomento das exportaƧƵes, a reduĆ§Ć£o da dependĆŖncia da petro-economia e a abertura do paĆ­s ao exterior.

Associado a isso, foi necessĆ”ria e providente a implementaĆ§Ć£o multissectorial das medidas e acƧƵes previstas no Programa Integrado de Desenvolvimento do ComĆ©rcio Rural, cujo objectivo foi o de alterar o quadro de de dificuldades no processo de escoamento de produtos de origem local.

O PIDCR tem contribuĆ­do para a elevaĆ§Ć£o dos nĆ­veis da produĆ§Ć£o nacional, a sua valorizaĆ§Ć£o e, assim, como resultado, verificou-se uma reduĆ§Ć£o dos nĆ­veis de importaĆ§Ć£o, alĆ©m de tornar o paĆ­s num exportador de produtos do campo, contrariando a actual dependĆŖncia ao petrĆ³leo.

O sector do comĆ©rcio estĆ” atento ao crescimento demogrĆ”fico no territĆ³rio angolano, com taxas mĆ©dias anuais de 3,1%, o que elevarĆ” para mais de 33 milhƵes de habitantes a populaĆ§Ć£o do paĆ­s atĆ© 2024.

NĆ£o obstante esta perspectiva de evoluĆ§Ć£o, o sector do ComĆ©rcio, apresenta hoje um conjunto de desafios associados ao comĆ©rcio interno e externo, nas vertentes da formalizaĆ§Ć£o, procura, oferta e regulaĆ§Ć£o, que devem ter resposta nos prĆ³ximos anos.

Os serviƧos mercantis em Angola registaram uma evoluĆ§Ć£o significativa no perĆ­odo de 2007 a 2022, tendo-se observado um crescimento de 109%, totalizando mais de 87 mil estabelecimentos comerciais licenciados, entre grossistas e retalhistas, com tendĆŖncia de aumento, considerando-se uma evoluĆ§Ć£o positiva fruto das polĆ­ticas pĆŗblicas do Executivo que fomentaram o aparecimento e desenvolvimento de novos grossistas e retalhistas, centros de logĆ­stica e, em paralelo, de redes de comercializaĆ§Ć£o compostas por uma robusta cadeia de distribuiĆ§Ć£o moderna.

Tal crescimento teve maior evidĆŖncia, na zona norte do PaĆ­s, impulsionada pela provĆ­ncia de Luanda, seguida da zona sul e centro de Angola.

E Ć© neste contexto que o Plano de Desenvolvimento Nacional do Sector do ComĆ©rcio prevĆŖ o escoamento e a integraĆ§Ć£o da oferta desta produĆ§Ć£o nacional nos circuitos de comercializaĆ§Ć£o internos e externos, aproveitando as oportunidades de integraĆ§Ć£o da SADC.

No entanto, a matriz de oferta nacional actual apresenta ainda uma elevada dependĆŖncia de produtos importados, situaĆ§Ć£o que poderĆ” mudar, gradualmente, no prĆ³ximo quinquĆ©nio, atravĆ©s de uma maior aposta na produĆ§Ć£o nacional, agrĆ­cola, piscatĆ³ria e industrial.

Para o efeito, serĆ” fundamental continuar a melhorar as condiƧƵes para o desenvolvimento do sector produtivo nacional, nĆ£o apenas a montante atravĆ©s da garantia de disponibilidade de matĆ©ria-prima, ainda maioritariamente dependentes de importaƧƵes, mas tambĆ©m a jusante, atravĆ©s de uma rede comercial eficaz, permitindo o escoamento da referida produĆ§Ć£o.

Neste Ć¢mbito, tambĆ©m surgem os desafios associados Ć  comercializaĆ§Ć£o da produĆ§Ć£o rural, atendendo Ć  desconexĆ£o entre as zonas de produĆ§Ć£o (interiores e rurais) e as principais zonas de consumo, maioritariamente concentradas nas regiƵes litorais ou nas capitais de provĆ­ncias, com destaque para Luanda, suportadas por uma rede comercial maioritariamente informal, embora convivente com o canal da ā€œdistribuiĆ§Ć£o modernaā€.

A informalidade na economia angolana continua a ser um dos principais desafios ao nĆ­vel do comĆ©rcio, sendo, contudo, reconhecida a capacidade de alcance e importĆ¢ncia deste a todos os extractos da populaĆ§Ć£o.

Face ao desafio da organizaĆ§Ć£o do comĆ©rcio interno e aos desafios regionais e globais vigentes, o paĆ­s encontra-se numa nova fase de desenvolvimento com a reorganizaĆ§Ć£o e modernizaĆ§Ć£o da sua base administrativa simplificada e desburocratizada, voltada, sobretudo, para promoĆ§Ć£o de um ambiente favorĆ”vel ao investimento privado quer no sector da indĆŗstria, quer do comĆ©rcio, assim como Ć  recuperaĆ§Ć£o e construĆ§Ć£o de infraestruturas sociais e econĆ³micas, ambos acompanhados de programas pĆŗblicos e privados de formaĆ§Ć£o de quadros a nĆ­vel nacional.

Por outro lado, diversas reformas estruturais e legislativas tĆŖm sido levadas a cabo pelo Governo, tendo, com isto, resultado no reposicionamento do paĆ­s no contexto da integraĆ§Ć£o econĆ³mica regional, quer ao nĆ­vel da Zona de Livre ComĆ©rcio da SADC, que permite o alargamento do mercado para o paĆ­s, passando as empresas angolanas industriais e comerciais a contarem com 1.3 biliƵes de consumidores para os seus produtos.

Deste modo, a adequaĆ§Ć£o legislativa do sector da indĆŗstria e do comĆ©rcio afigura-se relevante nĆ£o apenas pelas questƵes de integraĆ§Ć£o intra-africana, mas tambĆ©m para se acelerar o processo da diversificaĆ§Ć£o da economia e da firmaĆ§Ć£o da economia de mercado regulada que tem permitido a formalizaĆ§Ć£o das actividades econĆ³micas, fazendo com que a informalidade registe recuos significativos.

Para o efeito, as medidas de simplificaĆ§Ć£o dos procedimentos de licenciamento da actividade comercial interna e externa, bem como da industrial, o apoio Ć  produĆ§Ć£o nacional, as acƧƵes de sensibilizaĆ§Ć£o a produĆ§Ć£o e formalizaĆ§Ć£o das actividades econĆ³micas, servem como preparaĆ§Ć£o dos operadores econĆ³micos nacionais para abraƧarem as oportunidades locais e internacionais, com particular destaque para a SADC e para a ZCLCA.

As reformas implementadas abrangeram vĆ”rios domĆ­nios, dentre os quais o jurĆ­dico-institucional no plano interno e externo, tendo culminado com a revisĆ£o e alteraĆ§Ć£o do quadro legal do Investimento Privado, da ConcorrĆŖncia e da ContrataĆ§Ć£o PĆŗblica, bem como o conjunto de iniciativas transversais que visaram criar e operacionalizar os Polos de Desenvolvimento Industrial e os Polos Industriais Rurais, sendo estes instrumentos impulsionadores do desenvolvimento industrial local e do fomento das cadeias de valor em Angola, estando em curso a preparaĆ§Ć£o para 2024 a realizaĆ§Ć£o da 3a avaliaĆ§Ć£o da polĆ­tica comercial, com o suporte tĆ©cnico da OMC que permitirĆ” a continuidade do processo de actualizaĆ§Ć£o das medidas e da melhoria do posicionamento do paĆ­s.

Ao longo dos Ćŗltimos anos, constatamos a instalaĆ§Ć£o de vĆ”rias unidades industriais no paĆ­s, direccionadas, na sua grande maioria, para a produĆ§Ć£o de bens alimentares.

Pelo que podemos afirmar que jĆ” existem alguns sectores nos quais a indĆŗstria nacional consegue dar resposta Ć s necessidades da procura interna, competindo com produtos importados, com destaque para os materiais de construĆ§Ć£o, produtos alimentares, bebidas, embalagens, actividade grĆ”fica, mobiliĆ”rio e equipamento escolar, produtos de higiene e limpeza, equipamentos de transporte e seus componentes, e de dispositivos mĆ©dicos.

Ao nĆ­vel dos materiais de construĆ§Ć£o e relativamente Ć  produĆ§Ć£o de cimento, o paĆ­s conta actualmente com 5 unidades instaladas, com uma capacidade de produĆ§Ć£o de Cimento superior a 8 MilhƵes de toneladas/ano e de ClĆ­nquer, acima de 6,5 MilhƵes de toneladas/ano. Em ambos os casos, as capacidades instaladas reĆŗnem condiƧƵes para suprir todas as necessidades de consumo nacional.

Ɖ justo destacar aqui que o sector das bebidas, por via do seu crescimento e desenvolvimento, tem sido aquele que mais potencia o surgimento e crescimento de novas empresas e actividades industriais, tais como a produĆ§Ć£o de embalagens de cartĆ£o, grades de plĆ”stico, preformas, rĆ³tulos, tampas, entre outras, sem esquecer todas as actividades associadas Ć  distribuiĆ§Ć£o, logĆ­stica, marketing e publicidade. O sector tem em funcionamento mais de 50 operadores.

Com isso, dados estatĆ­sticos do Instituto Nacional de EstatĆ­stica de Angola (INE), de 2018 a 2022, apontam que a taxa de crescimento do PIB real para a indĆŗstria transformadora registou um acumulado de 7,7%, com maior destaque para o ano de 2022 que teve um crescimento na ordem de 6%, superando a projecĆ§Ć£o prevista no OGE para aquele ano.

Ɖ consabido que a pandemia da Covid-19 trouxe consequĆŖncias nefastas para a economia global, na qual Angola se insere, tendo, por este facto, sofrido os seus efeitos que se viram reflectidos na reduĆ§Ć£o do abastecimento de alguns bens e serviƧos de consumo das populaƧƵes.

Em resposta aos desafios impostos pela pandemia da Covid-19, em pouco tempo, o paĆ­s marcou passos seguros, recuperou a capacidade plena de fornecimento de bens e serviƧos essenciais Ć  populaĆ§Ć£o, como resultado da implementaĆ§Ć£o de polĆ­ticas pĆŗblicas de crescimento industrial e de desenvolvimento comercial, aliadas Ć  resiliĆŖncia do sector privado.

Como resultado, as trocas comerciais com os parceiros regionais conheceram um aumento significativo, contribuindo, com isso, como jƔ referido, para o aumento do PIB nacional e o aumento da oferta de produtos locais, a preƧos mais baixos.

Com isto, a perspectiva de crescimento do segmento industrial passou a ser suportada pela existĆŖncia de um conjunto alargado de mais de 160 projectos estruturantes concretos, em diferentes fases de desenvolvimento, agrupados em diferentes clusters.

Portanto, este Conselho Consultivo sob o lema “AutossuficiĆŖncia Alimentar no Contexto da IntegraĆ§Ć£o EconĆ³mica Regional” traduz os esforƧos empreendidos pela actual governaĆ§Ć£o e pelo sector privado visando a inserĆ§Ć£o de Angola na dinĆ¢mica do comĆ©rcio livre, quer ao nĆ­vel do continente, quer da regiĆ£o da SADC.

Destacam-se os diversos programas sectoriais e multissectoriais que enfatizam a necessidade de fortalecimento das capacidades produtivas, assim como a criaĆ§Ć£o e promoĆ§Ć£o das cadeias de valor, tendo em conta o vasto potencial a nĆ­vel de recursos naturais e humanos, que conduzam Ć  autossuficiĆŖncia alimentar com seguranƧa e qualidade, aumentando a produĆ§Ć£o de grĆ£os, de produtos pecuĆ”rios e piscatĆ³rios, por meio dos diversos programas definidos pelo executivo e que constam da agenda temĆ”tica deste fĆ³rum, como Ć© o caso do PLANAGRƃO, do PLANACUƁRIA e do PLANAPESCAS, iniciativas transversais com impacto directo sobre a seguranƧa alimentar e o fomento da indĆŗstria e do comĆ©rcio.

Actualmente, possuĆ­mos algumas infraestruturas de armazenamento de grĆ£os, nas provĆ­ncias de Benguela, Huambo, Cuanza Sul, Malange, Huila e Luanda. Estamos a envidar esforƧos para complementar essas infraestruturas com equipamentos de triagem, calibragem e classificaĆ§Ć£o, perspetivando o fornecimento de produtos em grande escala e com qualidade para os consumidores, garantindo a sustentabilidade e a autossuficiĆŖncia, bem como a diversificaĆ§Ć£o das exportaƧƵes, com a venda ao exterior dos produtos made in Angola, conquistando-se, assim, novos mercados.

Por outro lado, estĆ£o em carteira projectos de criaĆ§Ć£o de infraestruturas de apoio Ć s embarcaƧƵes, Ć  produĆ§Ć£o de insumos, raĆ§Ć£o, mĆ”quinas e equipamentos para o sector piscĆ­culo, e a criaĆ§Ć£o e desenvolvimento de plataformas logĆ­sticas de comĆ©rcio e distribuiĆ§Ć£o de bens alimentares de origem piscĆ­cola.

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Para terminar, permitam-me reiterar que estĆ” em curso um vasto programa de reformas polĆ­ticas, econĆ³micas e sociais com vista a melhoria do ambiente de negĆ³cios, com incidĆŖncias na simplificaĆ§Ć£o e desburocratizaĆ§Ć£o de procedimentos relacionados com o licenciamento da actividade industrial e comercial.

Este 3Ā° Conselho Consultivo tem como objectivo o balaceamento e alinhamento da polĆ­tica comercial e industrial com a visĆ£o do sector privado, sobre os desafios e oportunidades para o desenvolvimento industrial e comercial no quadro das prioridades inseridas na agenda da governaĆ§Ć£o actual, com realce para a diversificaĆ§Ć£o econĆ³mica e integraĆ§Ć£o regional.

Auguramos que o sector empresarial privado, agricultores, produtores, industrias e membros da sociedade civil, aqui representados, optimizem mais esta oportunidade criada para que se conheƧam as polĆ­ticas e programas pĆŗblicos em execuĆ§Ć£o, voltados para o desenvolvimento do sector.

Pelo que, Ɖ POSSƍVEL CAMINHARMOS JUNTOS!

Com estas palavras, declaro aberto o III Conselho Consultivo do MinistĆ©rio da IndĆŗstria e ComĆ©rcio.

Muito obrigado pela atenĆ§Ć£o!

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